terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

AMAZÔNIA


CICLÓPICO DIVÃ PSICANALÍTICO

É impossível desarmar ou desativar toda a incomensurável e intricada maquina, que o homem, mercê de uma lei biológica insopitável - a lei de sobrevivência do indivíduo-, urdiu ao sabor dos milênios de seu desenvolvimento anátomo-psíquico.

Foi a gana, a ânsia de sobrepujar todos os obstáculos, para garantir a sobrevivência de espécie humana no planeta Terra que o levou ao paroxismo, ao impasse em que nos encontramos.

Aperfeiçoamos e sofisticamos de tal sorte os nossos primeiros utensílios, que hoje-suprema ironia-, eles se armam e se eriçam, ameaçando a destruição da mais soberba e sublime das criaturas, arrumada pela consciência cósmica - O HOMEM.

Necessitamos urgentemente encontrar soluções para dois angustiantes problemas, gerados pelo “STRUGGLE FOR LIFE”: o cataclismo atômico e a destruição da natureza.
Para a solução do primeiro problema há dois encaminhamentos; um já funcionando - o medo do extermínio recíproco-, o outro em eterna fase de discussão – o acordo de desarmamento nuclear.
No entanto, para a solução do problema de destruição da natureza, não há nada que tenha funcionado, ou com possibilidade de vir a funcionar, enquanto prosseguir a corrida desabalada, inconseqüente e irracional do homem e das nações, ao encontro de um falso mito, de uma quimera: o tão decantado e endeusado-PROGRESSO.

O polimento e aperfeiçoamento do instrumental primevo: a pedra sílex, o fogo, a roda, a agricultura, a pecuária, a linguagem, o número, a imprensa, a máquina a vapor, a eletricidade, a avião, o rádio, a energia atômica, o transistor; tudo bem, e muito mais deve ser aperfeiçoado e desvendado, para garantir a segurança e perenidade da espécie humana, e se possível desembarcá-la, não apenas na Lua, Marte, Plutão, porém levá-la a outros sistemas solares a outras galáxias, ao encontro do fim com o princípio do universo, mas sem perder o sentido, o objetivo da lei biológica insopitável – a sobrevivência da espécie humana -, não permitindo que nos percamos no nosso próprio enredo, virando o feitiço contra o feiticeiro.

Somente a preservação da floresta amazônica, tal como está, ultima página do gênesis na expressão de Euclides da Cunha, e último vestígio de toda a ancestralidade biológica do planeta, poderá, através de uma programação turística diferente agasalhar periodicamente todos os homens responsáveis pelo destino de todas as nações em todos os níveis; quando lições de ecologia seriam ministradas, despertando e imantando a consciência de todos, para o erro terrível que estamos cometendo, ao alimentarmos o processo de aceleração sem limites, dos mecanismos capitalistas de afirmação da lei de sobrevivência do indivíduo, mecanismos que representam o decantado e falso PROGRESSO, gerador da destruição da natureza e do antropofagismo citadino.

A floresta amazônica deverá ser o ciclópico divã psicanalítico da espécie humana, onde ela se deitará para repensar e analisar todos os conflitos de seu destino cósmico.
Evandro das Neves Carreira
(Trecho final da alestra proferida pelo Senador Evandro Carreira, em 1981, à convite da Escola Superior de Guerra, dos Estados Unidos da América do Norte, em Washington no Fort Mc Mer.

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